Covid-19

O tratamento da acne nos diferentes estágios da vida

O tratamento da acne nos diferentes estágios da vida. Será que o tratamento da acne, de mesma intensidade, é o mesmo para um paciente de 9 anos de idade e para uma mulher na menopausa ? A acne é uma dermatose é caracterizada pelo desenvolvimento crônico e/ou recorrente de comedões, pápulas e pústulas, e por vezes, nódulos; mais comumente afetando a face, mas também podendo envolver o pescoço, o tronco e parte superior proximal das extremidades.

Por Mantecorp Saúde

17/01/2024 - Última atualização: 17/01/2024

Imagem da notícia O tratamento da acne nos diferentes estágios da vida

Será que o tratamento da acne, de mesma intensidade, é o mesmo para um paciente de 9 anos de idade e para uma mulher na menopausa?

A acne é uma dermatose é caracterizada pelo desenvolvimento crônico e/ou recorrente de comedões, pápulas e pústulas, e por vezes, nódulos; mais comumente afetando a face, mas também podendo envolver o pescoço, o tronco e parte superior proximal das extremidades.

Geralmente considerada uma doença autolimitada e benigna sua presença pode causar graves problemas psicológicos, e seu curso gerar sequelas discrômicas e cicatriciais de difícil tratamento.

Embora a prevalência da acne seja mais alta na adolescência, chegando a acometer mais de 80% de meninos e meninas, ela também pode ocorrer em outras fases da vida. Antes dos 9 anos pode ser considerada uma dermatose menos frequente, mas em adultos, principalmente nas mulheres acima de 25 anos, os valores médios de prevalência chegam a mais de 20%.

Na história dos pacientes com acne há vários fatores que devem ser levados em consideração, entre eles: história familiar de acne intensa, de acne na fase adulta e da presença de cicatrizes atróficas; distúrbios alimentares, obesidade, sinais de puberdade precoce, alterações no ciclo menstrual (mulheres), situações crônicas de estresse emocional, exposição solar, a influência da poluição e até fatores que aumentem o atrito e temperatura na face, como a presença de máscaras do tipo N95, como observamos recentemente na pandemia de COVID19.

Ainda de importância singular na história clínica, há a necessidade da busca ativa de sinais clínicos de endocrinopatias (hiperplasia de supra-renal, síndrome dos ovários policísticos e tumores produtores de andrógenos), bem como o uso de medicamentos que possam causar acne; aqui cito os inibidores do JAK, drogas recém chegadas ao nosso receituário, as quais apresentam diversas indicações, algumas delas de uso pediátrico e que podem ser desencadeantes ou funcionar como um fator de piora, principalmente para acne facial.

Com o crescente acesso às mídias sociais por todas as faixas etárias, mas de maneira mais intensa pelos adolescentes, também é importante revisitar todos os produtos tópicos que os pacientes já estejam utilizando, muitos por influência de “expertos não médicos” que ditam condutas e vendem seus “milagrosos” produtos na rede. 

As faixas etárias:

 

Acne neonatal

As lesões podem estar presentes desde o nascimento ou logo após, geralmente dentro das 6 primeiras semanas de vida. A condição é mais comum em meninos. Dois são os fatores principais relacionados ao seu aparecimento, a estimulação das glândulas sebáceas por andrógenos maternos e a colonização glandular por espécies de Malassezia. Clinicamente, encontramos pápulas e pústulas geralmente na face (região frontal, regiões malares e nariz), com resolução espontânea,para a maior parte dos casos, ao longo de semanas para meses.

 

Acne infantil 

A acne infantil geralmente se apresenta entre 6 semanas e 12 meses de idade, também com predominância no sexo masculino. As lesões são polimórficas, abrangendo todas as manifestações da acne. O local de predileção é a face e as formas mais leves são as predominantes. Embora a causa exata da acne nessa faixa etária ainda seja desconhecida, ela pode resultar do aumento da sensibilidade das glândulas sebáceas à circulação de andrógenos ou, menos comumente, do aumento da produção de andrógenos adrenais, o que deve ser investigado em casos mais intensos ou com duração prolongada. As lesões geralmente desaparecem dentro de 12 meses.

 

Acne entre 1 e 7 anos

Considerada como a apresentação mais rara, a acne que acomete pacientes de 1 a 7 anos é um sinal de alarme.  Clinicamente apresenta comedões, pápulas e pústulas e o paciente deve ser sempre investigado na busca por endocrinopatias como causas subjacentes de hiperandrogenismo, como hiperplasia de suprarrenal não clássica, síndrome de Cushing, tumores produtores de hormônios, ou mesmo puberdade precoce verdadeira.  

 

Acne na pré-adolescência (7 a 12 anos) e adolescência

Na pré-adolescência, situação individual para cada paciente, o mais frequente é o encontro de um quadro comedoniano em região frontal. Na maioria dos casos não há endocrinopatia subjacente, mas por vezes podemos suspeitar de adrenarca prematura. A partir de um quadro mais leve e de acordo com condições genéticas, podemos observar uma evolução para um componente clinicamente mais inflamatório que se estende para outras regiões da face.  

Se por um lado os adolescentes são os mais acometidos pela acne, devido ao grande aumento da produção fisiológica de andrógenos, por outro, sua aderência ao tratamento é especialmente baixa; menos de 40% dos pacientes que passaram por consultas médicas chegam a completar poucas semanas de tratamento, interrompendo por diversos fatores, entre eles a reduzida velocidade da melhora e a presença de efeitos colaterais. 

 

Acne da mulher adulta

A presença de acne em adultos não é uma situação incomum, principalmente quando pensamos nas mulheres. Embora possamos associar a acne a outras doenças como na síndrome dos ovários policísticos, na maior parte dos casos, quando apenas a acne está presente, não há anormalidades hormonais, e a cronicidade da doença está mais relacionada a uma disfunção local da glândula sebácea.  

Os principais sinais de alerta que indicam investigação hormonal são: presença de hirsutismo, clitoromegalia, irregularidade menstrual e alteração no timbre da voz.  

Clinicamente notamos um quadro mais inflamatório, raros comedões, com uma distribuição que atinge mais a região de terço inferior da face, a região lateral do pescoço e o tronco. Também é importante salientar que há uma maior sensibilidade cutânea aos princípios ativos de uso tópico, sendo fundamental a complementação de orientações que facilitem a tolerância aos medicamentos. 

 

Acne na menopausa 

A etiologia da acne na menopausa é multifatorial, sendo o desequilíbrio hormonal o principal envolvido. Há um aumento relativo de andrógenos na mulher na menopausa, o que leva ao hiperandrogenismo clínico, com a presença de acne, hirsutismo e alopecia androgenética. Outros distúrbios endócrinos hiperandrogênicos, o aumento da resistência à insulina e a presença tumores também podem estar associados a acne nessa faixa etária. 

 

Nem tudo é acne... 

Como essa dermatose pode ocorrer em todas a faixas etárias é muito importante lembrar dos diversos diagnósticos diferenciais tanto para situações de avaliação clínica inicial quanto no acompanhamento de casos que evoluíram com respostas insatisfatórias, sendo os principais: foliculite bacteriana, foliculite fúngica, acne queiloidiana da nuca, milio, miliária rubra, siringomas, dermatite perioral, hiperplasia sebácea, nevo comedônico, rosácea pápulo-pustulosa, queratose pilar, molusco contagioso, angiofibromas faciais e esteatocistoma múltiplo. 

 

Estratégias terapêuticas 

Excetuando-se os casos de resolução espontânea de acne neonatal, todos os demais pacientes com acne devem ser tratados, independente da gravidade de sua apresentação clínica. Além de levar a importante impacto psicológico negativo, mesmo os casos leves de acne, podem evoluir para cicatrizes, principalmente atróficas. O diagnóstico precoce e a introdução correta do tratamento interferem nessa evolução e modifica a evolução da doença. 

 

Higiene 

A higiene da pele dos pacientes com acne deve reduzir a oleosidade excessiva sem prejudicar a barreira cutânea e/ou aumentar a perda de água transepidérmica. Os produtos também devem respeitar o pH ácido fisiológico da pele, a fim de manter a funções protetora química da epiderme, ao mesmo tempo que mantém ótimo o funcionamento de enzimas essenciais para a produção dos lípides de barreira.  

A linha glycare control (gel de limpeza, espuma e solução), composta pela associação de ácido glicólico, gluconolactona, Urbalys®(agente antipoluição) e Acnilys®(estimulador da imunidade contra o Cutibacterium acnes), cumpre todas essas exigências, podendo ser utilizada por todas as faixas etárias e para as diversas intensidades da acne.  

 

Fotoproteção  

A fotoproteção multifuncional também é fundamental para o tratamento da acne, evitando fatores desencadeadores da piora como a ação direta da radiação ultravioleta sobre a glândula sebácea, bem como a redução da produção de radicais livres por ela induzidos. A linha Episol Antiacne FPS 30, traz a proteção efetiva contra UVB e UVA, a niacinamida com ação anti-inflamatória e o emprego da nanotecnologia, liberando o ácido salicílico lentamente, de maneira a reduzir seus possíveis efeitos adversos, mas mantendo sua ação anti-acne, concentrada na região folicular. 

 Outra inovação multifuncional é o emprego do complexo infra-red defense, uma associação de dois extratos orgânicos, o Dragosine® e o extrato de arroz WNQN que aumentam a longevidade das células da pele e bloqueiam as metaloproteinases de matriz, reduzindo assim os efeitos da radiação infravermelha.  

 

Tratamento medicamentoso: 

Aqui a individualização é a chave para o sucesso. O arsenal terapêutico para acne compreende diversos medicamentos tópicos que podem ser prescritos de acordo com a intensidade do quadro, a sensibilidade da pele, os antecedentes referidos pelos pacientes, sequelas que já existam como discromias e/ou cicatrizes ou mesmo pensando em associações importantes com a terapia sistêmica quando necessária como o uso do peróxido de benzoíla quando antibióticos orais são prescritos.  

Como os resultados dos tratamentos de acne levam algumas semanas para produzir efeitos positivos, as estratégias para melhora da tolerância aos tratamentos tópicos devem ser orientadas na primeira consulta, como o uso de higienizadores não agressivos (como descrito acima) e o uso hidratantes não comedogênicos, 10 minutos antes da aplicação dos medicamentos.  

Prescritos desde a década de 70, os retinoides tópicos são peça fundamental no tratamento da acne e de suas sequelas, mas eles também podem ser individualizados ao longo do tratamento dos pacientes. Formulações em combinação com antimicrobianos, possuem efeitos anti-inflamatórios mais intensos e podem ser utilizados com segurança por até 16 semanas, enquanto formulações em microesferas de liberação lenta, reduzem os efeitos irritativos, podendo ser prescritos para peles mais sensíveis, como nas faixas anteriores à adolescência e em mulheres adultas.  

Com relação às drogas sistêmicas, as ciclinas só podem ser indicadas para pacientes com mais de 9 anos de idade e atualmente não devem ser prescritas por mais de 3 meses. A espironolactona, opção muito eficaz para o tratamento da acne em mulheres, não deve ser indicada antes da menarca e pode ser utilizada inclusive na menopausa. Os contraceptivos orais combinados, quando não existem contraindicações, também são efetivos para o tratamento das mulheres, mas estão contraindicados na menopausa. Finalmente, para casos graves e/ou resistentes podemos indicar a isotretinoína oral. Embora, em sua bula, a recomendação do uso seja a partir de 12 anos, ela pode ser prescrita para situações especiais quando seu uso for justificado. 

 

Bibliografia:

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